Colunistas VDS: No que confiar mais: no GPS ou no “sexto sentido”?

 

 

 

No que confiar mais: no GPS ou no “sexto sentido”?


Danilo Chagas Ribeiro

“A regra é muito simples”
Dentre os tantos ensinamentos deixados pelo Comandante Geraldo Knippling, deixo aqui um trecho do livro Descobrindo o Guaíba, em abordagem sobre o fator humano na utilização do GPS. Escreveu o Mestre:
“Muitas vezes tudo vai bem até o momento em que alguém da tripulação ou o próprio comandante observa o horizonte noturno e verifica que o contorno do Morro de Itapuã, que deveria estar na proa, aparece à esquerda, nitidamente. Seguindo o seu ‘sexto sentido’, ele muda o rumo, xingando o GPS. Só que o contorno que estava vendo era o do Morro da Formiga.
Muito mais fácil de causar confusão é a identificação de bóias luminosas. Manter um rumo em noite ventosa, águas agitadas e ondas lavando o convés, já não é fácil. Fica a tripulação toda atenta e ansiosa olhando para a frente a fim de divisar no horizonte o fraco mas amigo lampejo da bóia desejada. Finalmente ela aparece, a princípio tênue e mal visível. Só que está à esquerda da proa. Instintivamente a tendência é mudar o rumo e aproar a bóia, errada! É fácil de acontecer. Por exemplo, navegando de Cristóvão Pereira para Tapes, antes de avistar a bóia luminosa do Pontal de Santo Antônio, avista-se a bombordo o farolete do Banco dos Desertores.
A regra é muito simples: jamais deve-se abandonar um procedimento de navegação pelo GPS (operado corretamente), seguindo um ‘sexto sentido’ que diz que o caminho é outro. Podem ter certeza que no confronto entre o ‘sexto sentido’ e o GPS, este sai ganhando sempre, tranqüilamente.”

Geraldo Knippling foi comandante da Varig, instrutor de pilotos, um homem que não se contentava em saber “quase tudo” sem, no entanto, jamais perder a humildade.


Legenda da foto:
Geraldo Knippling no Arroio Araçá, fotografando do topo do mastro do seu veleiro “Magana”, aos 87 anos, sem adriça, no peito e na raça.