Separação indesejada: Robert Scheidt volta a competir na Laser e Bruno Prada, na Finn

Jeni Andrade www.nautica.com.br
De São Paulo


Foto: Juliana Menezes / Agência Manga<br />
Muito emocionado, Bruno recebe o carinho do amigo Robert

O que se viu na coletiva que a dupla olímpica da classe Star Robert Scheidt e Bruno Prada concederam nesta quarta-feira, em São Paulo, foi dois homens emocionados por estarem na iminência de uma separação indesejada. “Tivemos anos maravilhosos. A gente se divertiu muito”, disse Robert. Vencido pelas lágrimas, Bruno não conseguiu falar nada sobre o assunto.

Depois de dez anos de um trabalho que lhes rendeu uma série de títulos e duas medalhas olímpicas – a prata em Pequim 2008 e a última de bronze, nos Jogos de Londres -, chegou a hora dos tricampeões mundiais de Star começarem a traçar planos individuais. É que a classe está prestes a ser descartada da Olimpíada, embora a decisão ainda não esteja tomada pela Federação Internacional de Vela (ISAF) e o Comitê Olímpico Internacional (COI).

Foto: Juliana Menezes / Agência Manga
Momento é de viver a conquista do bronze

Ambos admitem que a edição 2016 dos Jogos será a última de suas carreiras: Robert estará com 43 anos e Bruno, com 45. Assim, não há tempo de investirem em uma nova classe. Robert voltará a correr na Laser e Bruno, na Finn. “Vai ser uma readaptação dura. A primeira coisa que tenho que fazer é perder dez quilos”, disse Bruno. “Parei de velejar na Laser há oito anos, mas vi que ainda posso ser competitivo”, falou Robert. Numa Olimpíada onde todos os atletas brasileiros poderão contar com o calor da torcida, a dupla concorda que os esforços de readequação valerão a pena.

Robert Scheidt terá sua primeira disputa na retomada da classe Laser já em setembro, em um campeonato na Itália. Bruno Prada pretende disputar a Copa do Mundo da classe Finn em janeiro de 2013 na cidade de Miami. Até lá, quer se livrar dos quilos a mais. “Mas o que temos que fazer, primeiro, é viver mais essa conquista”, declarou Robert, referindo-se ao bronze.

Ter terminado a Olimpíada em terceiro lugar traz um duplo sentimento à dupla que chegou em Weymouth como favorita ao ouro: “Arriscamos um pouco mais na última regata e o resultado não foi o esperado, mas tínhamos em mente chegar a uma medalha e ficamos felizes de ter representado bem o Brasil”, disse Robert. “A gente assume toda a responsabilidade do que aconteceu. Decidimos em dupla o que seria feito na última regata. Infelizmente não deu certo, e justamente durante uma Olimpíada, que nos dá a maior visibilidade”, completou Bruno.

A dupla explicou que um erro de interpretação da raia lhes custou a vitória: “Entre o que achamos que iria acontecer e o que aconteceu, perdemos muito tempo. Os ingleses fizeram marcação em cima da gente e deixaram os suecos escaparem. Ficamos muito felizes com a vitória deles”, admitiu Bruno.


No fim da coletiva, a dupla recebeu das mãos do diretor de Comunicação e Marketing do Banco do Brasil, Hayton Jurema da Rocha, e do presidente da Gocil, Washington Cinel, um bônus de R$ 100 mil pela conquista olímpica. Em meio às emoções desta tarde de quarta-feira, Bruno e Robert deixaram claro que ainda vão competir juntos sempre que a agenda permitir.