Audaz no Nordeste: Nova Cruz

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Por Henrique Ilha

Toda a costa do Nordeste brasileiro é protegida por uma barreira quase constante de recifes. Ocorre, desta forma, uma faixa de águas protegidas, calmas e mais quentes, por serem de pouca profundidade.

 

A variação de nível provocada pela maré que ocorre duas vezes por dia, em ciclos ininterruptos influenciados pelas posições relativas do sol e da lua em relação a Terra, propicia varias alternativas de paisagens.

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Um local que apresenta características privilegiadas na costa pernambucana, é o trecho entre a foz do rio Timbó em Maria Farinha e a Ilha de Itamaracá.

O rio Timbó, no seu trecho final, segue paralelo a costa, desaguando no oceano através de bancos de areia e bancos de coral.

O fluxo principal corre por um canal natural, navegável, que tem o sentido da corrente invertida, quatro vezes ao dia.

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A variação do nível, nas marés maiores, chega a 2,60. Na maré baixa, descobrem-se bancos de areia com quilômetros de largura e extensão. Nestas ocasiões, é agradável percorrer estas areias a procura de mariscos, que ocorrem em abundancia, ou de conchas, estrelas do mar, ou formações exóticas de coral. Em algumas depressões, permaneceu lagoas de águas transparentes, logo aquecidas pelo sol, propiciando banhos gostosos, principalmente para a gurizada. Quem se aventura a caminhar ate a borda dos bancos, longe da praia, deve ficar atento à virada da maré, quando a águas passam a subir cobrindo toda a área rapidamente.

Subindo-se o rio Timbó, encontram-se poucos quilômetros acima espessos mangueirais protegendo suas margens e servindo de “habitat” a uma forma rica e diversificada de crustáceos e peixes. Os coqueiros predominam na paisagem. A temperatura sofre pequenas variações, permanecendo normalmente em torno de 24º.

É constante a brisa vindo do mar e as nuvens emoldurando os céus.

O rio com sue natural abrigo, foi muito utilizado como porto de carga de açúcar, e de conserto das barcaças a vela que fariam cabotagem no litoral. Consta que existiam ali os melhores estaleiros da região para trabalhos em madeira.

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Poucas ruínas rio acima encontram-se ainda as minas de um atracadouro e um depósito que deveriam servir de entreposto comercial.

A vila de Nova Cruz, na margem esquerda do Timbó, era um aglomerado de pescadores construíam suas casas de pau a pique, com cobertura de palha de coqueiros.

Não precisavam de janelas nas aberturas, uma vez que o clima não varia. O local começou a atrair pessoas interessadas em lugares calmos e acessíveis a água para veraneio e descanso, basicamente.

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Um terreno junto ao rio, permite manter um ancoradouro próprio.

Entretanto, pelas excepcionais características do local, foram sendo construídas ricas mansões, hotéis e restaurantes nas duas margens do Timbó, modificando sua cara.

Mesmo assim, continua sendo um local paradisíaco e de rara ocorrência e nossa costa.